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Ansiedade e sofrimento mental

Grupo Reinserir

Sintomas relacionados à ansiedade são cada vez mais frequentes, mesmo antes do país ser acometido pelo covid, como resultado de uma forma de produção de vida frenética, atingindo os trabalhadores: aqueles que dependem do transporte público sucateado, que residem longe de seus locais de trabalho e/ou estudo, que não recebem um salário capaz de garantir uma vida digna ou que se vêem cada vez mais marginalizados em situação de desemprego. E são essas, as pessoas mais prejudicadas pelos efeitos estagnantes da ansiedade. A procrastinação e o atraso na produção dos trabalhos como home office e aulas em EAD tem produzido angústia nos jovens e adultos que precisam se submeter à lógica de produção das empresas pra garantir a própria sobrevivência e de suas famílias. Em situação de quarentena, estar em isolamento social está longe de ser sinônimo de descanso e tranquilidade: aqueles que não perderam seus empregos, enfrentam condições insalubres do home office como forma de garantir a renda, ou são forçados a continuar presencialmente. Aqueles que perderam seus empregos, ou estão impossibilitados de exercer suas atividades, continuam a temer um futuro em que não é mais possível pagar as próprias contas. Nos dois cenários, o isolamento com pessoas do grupo de risco, crianças, o desânimo diante de atividades cotidianas, medo de infecção, frustração, falta de suprimentos etc pode potencializar os sintomas ansiogênicos. Dessa forma, é fundamental validar o sofrimento desses sujeitos, reconhecendo a precarização dos trabalhos e os sofrimentos adjacentes da produção que acabam somados ao risco biológico que temos corrido.