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Ele não é louco, é representante da burguesia. Ele não é louco, é homem em uma sociedade machista.

Grupo Reinserir

Apesar de não ser recente o debate sobre a patologização de fenômenos sociais, repetir essas frases se tornou quase um mantra. Lembra quando a gente papeou por aqui sobre diagnósticos e falamos sobre como ele é, por vezes, usado para camuflar problemas sociais? Se for uma doença, logo, é problema individual. Da pessoa. Ela resolve e nada precisa ser feito a nível coletivo sobre isso. Fim de papo. Isso nos afasta de pensar nas questões de produção e reprodução da vida que nos adoece.

Um homem que violenta uma mulher é “doente” “psicopata” “louco” e “não é um homem de verdade”. Quando na real ele está estabelecendo uma relação de poder comum no sistema patriarcal que estamos inseridos. Ele só é violento porque estamos sob uma estrutura social que permite que ele seja. E mais: que incentiva a reprodução desses comportamentos. Ou seja, está sendo um homem comum.

A gente pode passar horas conversando sobre a produção da patologização e a construção social que desenvolveu em nós noções equivocadas, violentas e pejorativas sobre a loucura. Nenhuma delas pode se referir ao projeto político genocida no Brasil. E muito menos sobre quaisquer violências de gênero.