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"Nós não somos o que fizeram de nós, mas o que fazemos com o que fizeram de nós"

Grupo Reinserir

O preconceito é um pilar estrutural da sociedade em que vivemos. Isso quer dizer que desde muito cedo aprendemos que existe um “normal”, um “padrão”, um “eu-ideal”. Branco, cis, heterosexual e monogâmico.

Na medida em que nos reconhecemos a margem disso, experimentamos a vida sob uma nova ótica. É o fim do nosso preconceito então? Por mais que pareça, anos se construindo com esse referencial de eu-ideal e vivendo em um mundo que nos leve a reforçar isso constantemente, não é incomum, mesmo estando a margem, reproduzir essa lógica.

Veja, ser lgbtqia+ não te impede de ser racista. Ser mulher não te impede de ser lgbtfóbico. Ser negro não te impede de ser capacitista.

E mais, quantas vezes, no processo de se reconstruir, se repensar, você não se percebeu reproduzindo esse padrão hegemônico? Decidir construir outro modelo de relação não faz com que toda moralidade monogâmica desapareça, não é mesmo?

Ser uma pessoa com deficiência, não impede de ser, inclusive, capacitista com outras pessoas com deficiência.

Pode até parecer que não, mas estar à margem não te impede de participar da marginalização de outras pessoas.

Ufa! Difícil, não?

O preconceito é estrutural porque sustenta a sociedade em que vivemos, sustenta também a forma que enxergamos a nós e ao outro e a como encaramos as nossas relações. O preconceito está em nós, como raiz. A luta por romper, não reproduzir, passa, necessariamente, por assumir isso. E passa, também, por querer construir outro modelo de sociedade, uma que não se estruture/sustente por violências.

Frase: Jean Paul Sartre

Arte: @vivisenass