Voltar aos artigos

No contexto institucional, escuta psicológica vira "ouvidoria gourmet"?

Grupo Reinserir

Um dos desafios da prática psi contra hegemônica no ambiente institucional costuma ser a resistência que muitos profissionais apresentam para acolher a validar as queixas trazidas por quem é atendido. Reclamações sobre as regras institucionais, a estrutura precarizada ou manejos inadequados são instrumentalizadas para empurrar o “paciente” ao lugar de “sujeito poliqueixoso” ou “sem adesão” e blindam a equipe da possibilidade de autocrítica.

Muitas vezes esse movimento é reflexo da tentativa de autopreservação; para preservar o próprio vínculo de trabalho e por consequência sua sobrevivência, profissionais fecham sua escuta e se recusam a reconhecer as falhas institucionais com as quais lidamos todos os dias. E isso é, muitas vezes, consequência de uma relação de trabalho terceirizada, frágil e violenta.

Entendemos e acolhemos o sofrimento e medo constante desses profissionais até porque habitamos lugares sociais bastante próximos. E queremos afirmar que reconhecer a luta dos trabalhadores é algo que precisa ser feito alinhado à luta dos usuários por um atendimento digno. Suportar escutar, acolher, validar e construir a responsabilização coletiva é o caminho para transformarmos a realidade, atendermos com ética e qualidade e alcançarmos também algum sentido na nossa atividade de trabalho.

E você, já se sentiu invalidado por um profissional de saúde?

Ou já sentiu que devia gratidão a uma instituição por ter acessado um direito básico?!

Imagem de @susanocorreia