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O início da psicoterapia

Grupo Reinserir

Ao procurar um psicólogo/psicanalista, normalmente a pessoa começa a enfrentar, como de se esperar, os problemas relacionais que ela já é acostumada na sociedade, pela forma que a mesma lhe ensinou a se comportar. Então, naturalmente, no início da terapia ela sente um medo, um receio, afinal, ela está falando com um estranho. Falar com um estranho na sociedade, pede discrição, ocultamento de situações. Distorções de relatos. Então o paciente enfeita a realidade. Conta coisas irreais. Não conta o necessário, nem mesmo o que de fato ele busca com a terapia. Leva um tempo para o paciente perceber que a relação ali construída é diferente de tudo que ele vivenciou. Não é uma relação íntima no ponto que existe uma reciprocidade afetiva completa, mas também não é uma relação com um totalmente estranho, onde todas as defesas possíveis precisam ser levantadas. O íntimo demais denota uma mistura de realidades, uma fusão, e o estranho demais denota uma sensação de ser explorado e invadido. E o psicoterapeuta não assume nenhuma dessas posições. Ou seja, o psicólogo/psicanalista compreende o quanto é natural esse início de relação e não julga, não usa valores morais. Não tem certo e errado na fala do paciente. E não importa o quanto o paciente esteja consciente ou não do quanto oculta coisas de si mesmo e do outro. Apenas o ato de falar, não importa o que, o material já é abundante para que ali se encontre uma verdade do sujeito, um elemento oculto que pode esboçar qual o sentido da análise que se desenvolve. É curioso como o ato aparentemente mais simples é o mais difícil e o mais complexo. É preciso apenas falar. Falar o que quiser. E então, o inconsciente estará disponível para que os conflitos sejam compreendidos e elaborados.