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"Perceber que não são os outros, é perceber tudo que se é"

Grupo Reinserir

Quando alguém diz algo indesejável sobre nós é comum sentirmos angustiados e iniciar um movimento de ter que provar para o outro que não somos aquilo que foi falado. Por mais que seja compreensível expor nosso lado e a busca pelo diálogo, não podemos ter controle do que o outro pensa sobre nós. E muitas vezes vamos ser vilões na história de alguém.

Fato é, construímos a narrativa que nos acolhe, temos pontos em nossas atitudes e comportamentos que não enxergamos que passam por quem somos, como aprendermos a nos relacionar. E o outro também! Dessa forma, construir o outro como vilão pode ser uma forma de não assumir certas responsabilidades ou resultado da falta consciência desse processo de construção.

É um direito nosso o sentimento de injustiça, mas é um exercício importante (e libertador) entender que o que o outro pensa, muitas vezes, diz mais sobre ele do que qualquer outra coisa. Por mais tentador que pareça, buscar provar algo pode ser mais desgastante do que construtivo. Entender que é hora de se retirar é tão importante quanto o diálogo.

Egoísta, difícil, mesquinho e outros adjetivos, são pontos de vista que o outro constrói sobre você, não a sua totalidade, não é a sua história. E não podemos viver à sombra do que os outros vão entender. Deixa que digam.

O título do texto é um trecho da música Transicional, da banda Maglore.

Arte: voltei pra mim, @de.saturno