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Quem cuida do homem cis hétero (e branco)?

Grupo Reinserir

O Estado, a sociedade e as políticas sociais. Todo mundo. Menos eles mesmos.

Parece até aqueles inícios de textos que a gente começa com uma piadinha, mas não é. Quando falamos de homem cis hétero e, principalmente, branco. Estamos falando de sujeitos cujo Estado e a esfera pública cuida, protege e privilegia muito bem.

Historicamente. Só que quando o assunto é autocuidado, falamos de um espaço vazio, de déficit, de falta. Isso também é fruto do nosso modelo de sociedade no qual homens cis héteros não são orientados ao cuidado de si. Do cuidar da higiene básica, do reconhecimento dos próprios sentimentos até o processo de iniciar a terapia. Nada disso é incentivado e é direcionado ao homem. Diferente das mulheres que tem isso inserido na rotina, por vezes, até compulsoriamente.

O cuidado do homem cis hétero também é dado pela mulher.

Como assim? Sim, te convidamos a fazer a seguinte reflexão. Pensa aí, quantas vezes você viu o cuidado do homem ser orientado por uma mulher? Até aquelas necessidades que aprendemos a reconhecer, como por exemplo, a fome. Muitas vezes a mulher - e na primeira infância, muitas vezes a mãe - é quem vai dizer “ó, agora você vai comer”. Então esse olhar para si também está sob a dominação da figura da mulher.

Mulheres, quantas vezes você tiveram que dizer ao seu parceiro (homem cis) que eles precisavam se cuidar mais? Quantas vezes vocês se percebem ligando ao cabeleireiro, mandando fotinha de produtos de beleza ou comprando uma blusinha nova para eles? Quantas vezes falaram de terapia para eles? Quantas vezes vocês os percebem fazendo ativamente esse esforço em pensar nesse tipo de autocuidado? Meninos, sabemos o quanto é importante, mas o autocuidado está para além daquele jogo de futebol com os parceiros, ok? Novembro é o mês que precisamos dizer ao homem hétero e cis que, sim, eles também adoecem, eles também sentem. E sim, eles também precisam se cuidar.