Saúde mental e relações digitais: onde estamos errando?

Falamos na semana passada sobre a importância de encarar o setembro amarelo como uma luta política, não meramente “comemorativa”, mas que passa, necessariamente, por garantia de direitos.

E tem algo que também não podemos deixar passar esse mês: o sofrimento que vem através da maneira que estamos nos relacionando nas redes. E eita assunto que aparece em sessão, viu?! É claramente isso perpassa pelos efeitos da pandemia, porque mudamos a forma que nos relacionamos com o tempo e, consequentemente, trocamos as demandas. O tempo das redes sociais é um tempo infinitamente acelerado, já falamos por aqui. A ansiedade, o aceleramento fazem com que a gente perca também algo que para nós é muito custoso: o diálogo. Esse novo tempo, acelerado, é também transformado em uma dinâmica, nas redes, odiosa e raivosa. E veja, parte do nosso adoecimento psíquico também está ligado a essa dinâmica.

Já pararam para questionar qual a diferença entre crítica e ataque? E como essa linha se perde quando falamos das redes sociais? Já teve aquele amigo que você ama de paixão, mas que precisa deixar silenciado nas redes? É quase como se a gente entendesse que a partir da tela entre nós, qualquer coisa pode ser dita, né? A gente não pensa que depois da tela existe um sujeito e nem com aquele sujeito vai receber aquilo que estamos escrevendo. E como falar aqui, no setembro amarelo, sobre cuidados em saúde mental se, ao mesmo tempo, eu também sou o sujeito que ataca?

O quanto estamos nos distanciando do espaço do diálogo e transformando as pessoas em comportamentos? A pessoa não se comportou naquele momento daquela forma, ela é aquele comportamento e ponto final. E esse ataque, muitas vezes, disfarçado de crítica, é feito a partir de uma régua moral. E nessa dinâmica, além de não existir espaço ao erro, não existe espaço ao perdão.

Esse é um assunto que dá pano para muita manga, mas a reflexão que queremos deixar é: como você tem se comportado na internet e quais os efeitos disso para sua saúde e para a saúde do outro?