Tudo o que (des)aprendi sobre o amor
Escrito por Psicóloga Maria Julia Viana da Silva CRP 06/159588
Publicado em 17 Aug, 2025
É como aprender a falar uma língua nova, cheia de palavras que não cabem nas regras que ensinam sobre o que é amor. É entender que o amor não precisa ser uma linha reta, que ele pode ser labirinto, um entrelace, um pedaço. É aprender que o amor não é sobre preencher um espaço vazio, é mais como um sopro - chega, invade, bagunça e, às vezes, vai embora, mas deixa o vento. Não significa ter. E perder não é necessariamente o oposto de amor. Porque o amor, ele pode mudar de lugar, como um rio que segue o curso sem precisar de autorização. Que não é escassez e que ele não precisa ser exclusivo para ser verdadeiro.
Aprendi a amar sem a necessidade de ser única e que amar outras pessoas enquanto amava você não diminuía o que sentia e, com isso, percebi que o amor tem tantos outros jeitos de ser.
Também tem dor, eu sei, o desapego nem sempre é tranquilo. Já quis segurar com as mãos, mesmo sabendo que não é algo que se prende. Houve desencontros, silêncios que eram tão altos que qualquer um no bairro poderia ouvir. A coragem de ficar quando fazia sentido e de ir quando era necessário.
Hoje, penso com ternura. Ainda estou descobrindo como é amar sem encaixar o outro em gavetas, sem esperar que o amor seja prova de exclusividade ou permanência. Confesso que às vezes me perco nesse caminho. Tem ciúmes, medo e uma vontade teimosa de segurar o que não é para ser segurado. Mas lembro que amar pode ser mais sobre cuidar do que prender, mais sobre compartilhar do que competir.
O que o amor poderia ser se não estivéssemos presos a tantas normas e medos? Como seria amar sem precisar ter, sem transformar o outro em território? Não temos todas as respostas, mas talvez seja isso: aprender a caminhar no incerto, abrir espaço para outras formas de amar.